segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Custódia de Belém

(texto reeditado de Imagens Silenciosas)
A primeira vez que me apresentaram-me a custódia de belém, foi no livro "Uma Aventura, nas férias da Páscoa". Devorei aqueles livros da Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada. A custódia era uma peça de ourivesaria, que naquele livro tinha sido roubada quando estava a ser enviada para o Brasil. Até hoje, só conhecia a custódia de belém através daquela aventura. Hoje tive o prazer de a ver ao vivo e desenhá-la. Está exposta no museu nacional de belas artes, e as entradas ao Domingo de manhã são gratuitas.


A Custódia de Belém é um ostensório hoje em exposição no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, datada de 1506, cuja autoria é atribuída a Gil Vicente. Considerada a obra-prima da ourivesaria portuguesa, a Custódia de Belém foi encomendada pelo rei D. Manuel I de Portugal para o Mosteiro dos Jerónimos. De estilo gótico tardio, na sua manufactura foi utilizado o ouro proveniente de 500 moedas enviadas pelo régulo de Quíloa (actual Kilwa Kisiwani, na Tanzânia), como tributo de vassalagem ao rei de Portugal. As moedas haviam sido trazidas por Vasco da Gama no regresso da sua segunda viagem à Índia (1503).

Construída com ouro, esmaltes e cristal, a peça é encimada por uma figura sentada num trono que representa Deus Pai em cujo rosto se destacam traços de envelhecimento, simbolizando a sabedoria e a experiência. No centro, rodeando o recipiente de cristal onde eram colocadas as hóstias consagradas, estão figuras miniaturizadas representando os Doze Apóstolos, todas diferentes nas suas vestes e posição. A parte inferior é decorada com esferas armilares, o símbolo de D. Manuel I, sob as quais se encontram figuras de animais e flores. Da cúpola pende a pomba que simboliza o Divino Espírito Santo. Em torno da sua base está a seguinte inscrição:

O. MVITO. ALTO. PRI(N)CIPE. E. PODEROSO. SE(N)HOR. REI. DÕ. MANVEL.I. A . MANDOV.FAZER. DO OVRO. I .DAS.PARIAS. DE. QVILOA. AQVABOV. E.CCCCCVI

A Custódia de Belém foi tomada como saque pelas tropas francesas de durante a Guerra Peninsular, sendo levada para França, sendo devolvida após o termo da guerra.